Pular para o conteúdo principal

30days: 1. O meu lugar

(Imagem: Marco Zero antes da reforma)

Estou sentindo o perfume de Pernambuco. O banco dessa praça já me conhece e recorda dos meus choros. Essa praça que me presenteia com esta paisagem de paz todos os dias. Estou aqui. Estou pensando na vida, estou pensando em coisas vagas que me acertam como flecha. Rio cheio, embarcações que levam curiosos ao outro lado do Recife, o lado do porto, o Parque das Esculturas. Estou no centro de tudo para encontrar o meu centro também. Queria ser como um daqueles meninos que mergulham sem medo, então, eu só fecho os olhos e me imagino caindo com eles. Caindo fundo naquele rio histórico que me faz amar cada parte daqui. Essa praça ao céu aberto que me proporciona os encontros comigo mesmo e deixa os meus pensamentos ruins se fundirem nesse rio agitado - correrem para longe de mim e de qualquer outra pessoa, me deixando com uma vontade louca de ficar aqui para sempre e abrir meus braços para imaginar um voo sem queda.

30 dias de escrita, dia 1 (descreva um lugar) 




"Atenção, estou participando do projeto "30 dias de escrita". Então, todos os dias vou compartilhar textos referente ao tema do projeto (com essa tag "30days". E, para não ser algo tão extenso, vou tentar não passar de 300 palavras por texto. Não vou parar de postar Contos durante esse percurso e acredito que sempre estarei postando esse projeto de 22h00, já os contos postarei pela manhã ou tarde. 
Outra novidade é que, quinzenalmente, estarei postando para vocês entrevistas com blogueiros que conseguiram publicar seus livros. Sábado já tem entrevista e estou ansiosa para saber as opiniões de vocês."

Comentários

  1. Quando vi o título, imaginei logo O marco zero do Recife :)
    Sabia que vc descreveria esta cidade!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é? Tinha que ser o Marco Zero, não há outro lugar pra mim.

      Excluir
  2. Suas palavras e a melodia me levaram pr'esse lugar aí que quis me mostrar. Remei meio sem jeito e que lindo recanto, menina!

    Beijo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oun, fico tão feliz em saber que consegui te levar pra lá.

      Excluir
  3. Que lindo <3 um dia conhecerei o nordeste !
    Amei o projeto :)

    ResponderExcluir
  4. Momentos nostálgicos, às vezes nos fazem bem... Beijos


    Mundo de Nati
    @meuamorpravoce

    ResponderExcluir
  5. adorei a sensibilidade!
    Aumentou também minha curiosidade sobre recife. um dia visitarei.
    também adorei a idéia da biblioteca no seu perfil, tenho grandes planos também como minha própria editora. bjs
    ja seguindo!

    ResponderExcluir
  6. Ah Pernambuco do lindo nordeste.
    Este estado está nos meus planos, ainda mais depois desta bela história.

    www.cchamun.blogspot.com.br
    Histórias, estórias e outras polêmicas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que demais, Claudio! Venha mesmo, aqui é só lindeza. ♥

      Excluir
  7. Ari, só pra registrar que amo teu espaço, que é sempre lindo.
    Que coloquei em ordem minha leitura, e que particularmente lendo esse post do Projeto, minha vontade de conhecer Pernambuco e a região Nordeste só aumentou. Obrigada por tornar os lugares mais lindos através das tuas palavras.
    Beijo no coração!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sua visita sempre é linda, Erica. Fico muito feliz por ter conseguido proporcionar esse desejo de vim até o nordeste. Saiba que será muito bem-vinda. Digo isso porque a grande parte da população do Recife abraça os turistas.

      Um beijo, querida.

      Excluir
  8. É a primeira vez que estou comentando aqui. Porém, amei o texto, como todos os seus outros. Você tem uma sensibilidade imensa pra escrever. É tudo tão bonito e tão intenso, que quase chegamos a poder sentir o que você sente. Além disso, devo agradecer. Descobrir esse projeto me fez ter ânimo para voltar a escrever, que é a coisa que eu mais amo fazer, mas estava tão triste, tão desanimada e descrente, que nem isso eu conseguia mais fazer. Obrigada.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente, opine, critique.

Postagens mais visitadas deste blog

Eduardo e Mônica*

Fim de tarde. Ônibus lotado. Legião Urbana. A menina ouvia sua música predileta enquanto lia seu livro predileto, o menino ouvia sua música predileta enquanto segurava sua ânsia de chegar em casa e ligar seu computador para jogar. Ela estava sentada e mergulhava dentro do seu mundo, ele estava em pé e seus dedos inquietos rebatiam o apoio do ônibus.  Sinal verde, sinal amarelo, poff... O ônibus freou e aquele mp3 velho do menino caiu sobre o livro aberto da menina. Os passageiros tentaram se recompor, mas os ouvidos da garota captaram a música daquele mp3 velhinho. O menino se desculpou, ela disse que ele não tinha culpa e sorriu. Ele não tinha jeito para sorrisos e, quando sorriu, ela notou que era verdadeiro.  O velhinho do lado da menina ficou brabo e se levantou para resmungar contra o motorista, ele não tinha nada a ver. Senta do meu lado, convidou a menina. Ela não sentiu vontade de saber tudo sobre ele naquele momento, ela só queria tentar roubar outro sorriso dele. O velhinho

O nome dela é Júlia

Vagalumes Cegos by Cícero on Grooveshark      O cheiro dela sempre estava em mim. Eu, deitado naquela minha rede barata na varanda, escutei suas batidas na porta. Como sabia que era ela? É porque ela batia sem espaço de tempo, como se estivesse fugindo da morte e ali era a salvação. Fui montando o meu sorriso que era dela e chamei de meu dengo.  Encaixei meus dedos nos dela e a puxei ao som de Cícero.   Não, isso não acontecia todos os dias e nem sempre meu humor estava naquela medida, mas esqueci de mim um pouquinho e brinquei com ela.  Dancei com ela durante alguns segundos: aqueles seus olhos fechados, corpo leve e sorriso nascendo. Ainda não disse o nome dela, não foi? O nome dela é Júlia. Júlia de 23 anos, ainda voava como criança e tinha um dom de pintar um quadro mais louco que o outro. Finalmente ela ficou sem fôlego e correu para cozinha. Escutei da sala a geladeira se abrindo e a água sendo colocada num dos copos americanos.

Numa dessas prévias de carnaval

           O dengo dela era farsa. Tudo o que eu descobri foi um sorriso de criança que se apaixonava pelos motivos errados. Amiga dos meus amigos, minha amante nas drogas. Não sei ao certo a idade que ela tinha, mas vendo pelo lado da sua irresponsabilidade e da depressão escondida por trás daquela máscara, eu arrisco uns 20. Morena, uns 1,60 de altura, leve como uma pluma (uns 44 kilos) e olhos que me revelavam tudo e ao mesmo tempo nada. Olhos que me inquietavam. Na verdade, sendo direto a esse ponto, seus olhos eram cor de mel. A encontrei quando estava sendo arrastado por um bloco e ela por outro - e, naquelas ruas do Recife, nos deparamos. Numa dessas prévias de carnaval, ela sorriu com cinismo e me puxou para o clima dela. Me fez dançar toda aquela tarde escaldante, e não cansei. Não cansei de estar perto daquela menina perdida e sem previsão de saída. Ela tinha toda aquela energia que me deixava com vontade de ficar. Uma personagem completamente perdida no mundo das fantas